sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A ignorância de Pondé.

Existem alguns filósofos que querem ser Nietzschianos sem saber como. Criam polêmicas ocas em com pequenos artigos em um jornal pra lá de conservador que restringe até o pensamento de quem o escreve. Em um tempo dominado por esvaziamentos políticos em geral, estes filósofos surgem como a nova onda do momento, escrevendo num jornaleco metido a leitores cults que não sabem de nada! Sem um mínimo de responsabilidade, atacam à direita, à esquerda e todos que aqueles que tentam lutar contra a ordem vigente, posando de radical livre. Mal sabem estes que estão mais presos a ordem das coisas que aqueles ingênuos que criticam tanto. Ah, esses radicais livres que andam na contramão de tudo! Seus comentários repletos de desdém parecem uma espécie de luta contra todos e contra ninguém.

Na maior parte, todos argumentos e críticas destes filósofos são colocados no mesmo saco: o discurso entre o falso e o oposto, demonstra uma má-fé tão conservadora quanto aos jornais que escreve.

Não se pode levar a sério quem faz isso.

Considere o exemplo:

Um homem começou a colocar documentos em seu site, o famoso Wikileaks. Não são simples documentos, ao contrário, alguns denunciam a postura dos Estados Unidos diante do mundo. Pondé escreve na Folha de São Paulo que Assange é um terrorista e o que ele faz nada mais é que uma piada. Além disso, o filósofo diz que a diplomacia brasileira se comporta como estudante comunista. Ora, um sujeito que faz este tipo de comentário, relativizando tudo, não se pode levar a sério.

Pondé pode ter razão somente em um ponto, quando se refere ao dono da Wikileaks como brincalhão de justiceiro. Já que há séculos atrás Montaigne escreveu a celebre frase “mais vale uma cabeça bem feita do que uma cabeça bem cheia”.Pois é impossível acompanhar a imensa quantidade de documentos colocados quase que diariamente. Às vezes, perde-se numa imensidão de arquivos que não levam a lugar nenhum.

Eis o ponto. Assange mistura fofocas diplomáticas com documentos pra lá de comprometedores, no entanto, para o ilustríssimo filósofo Pondé, tudo isso é uma grande besteira que não passa de uma brincadeira de coração de estudante.

Eis a estupidez conservadora que posa de radical livre como colunista da Folha de São Paulo.

Mesmo que a ação de Assange seja fruto de coração de estudante, não podemos ignorar e dizer que tudo isso é uma piada.

Não podemos encarar a postura metida a trágica de Pondé como normal. Seu humor é estranho. Quase impossível de entender...

sábado, 27 de novembro de 2010

Civil War!

Que o Rio de Janeiro está em guerra todos sabem disso há tempos, mas o que grande parte das pessoas ainda não sabem, nem este que escreve o texto, é que este estado sempre esteve em Guerra. Nos últimos dias tornou-se comum ver carros e ônibus serem queimados em plena luz do dia. Tal cena lembrou-me os tempos em que a cidade de São Paulo foi atracada durante dias e o estado tomou uma medida pra lá de polêmica: conversou com os cabeças dos ataques a base de chazinho das cinco e o governador estabeleceu um diálogo como forma de solucionar o crime.

Em meio a tantas imagens de fogo, agora temos uma paisagem que lembra muito de perto a guerra dos Estados Unidos com o Afeganistão. Só que muitos se esqueceram que aqui acontece há muito tempo. Mas, uma questão é certa em meio a tantas notícias: não sabemos o que acontece de fato e ficamos reféns de discursos maniqueístas de canais de TV e jornais que beiram o delírio e a burrice que proclamam a violência desordenada na cidade. Ora, sabemos que esta guerra que andam dizendo por aí merece ser analisada profundamente, mas a simplicidade dos fatos, o show de imagens, a luta entre polícia e bandido faz esquecer o que é preciso discutir de fato efetivamente.

Este discurso medíocre da Mídia traz como resultado o esquecimento a discussão política sobre tais acontecimentos, por outro lado, resgata velhos jargões de uma classe média que só reclama quando seu espaço é violentado pela ambição alheia. Sou da Paz!

Enquanto isso, muitos jovens que não tiveram oportunidades estão sendo mortos nesta “guerra” pelo próprio estado que os negou e que agora diz estar recuperando o território.

Ledo engano!

Sabemos que o buraco é mais em baixo e que tais acontecimentos são frutos de uma política ausente que se omite a discutir o próprio papel do estado nestes locais, onde o tráfico assume a figura destes políticos completamente irresponsáveis, bem como, a ausência do debate sobre a descriminalização das drogas, a ausência de política urbana e a falta de centros de convivência para a juventude que se encontra completamente perdida em escolas públicas falidas.

Tais debates são completamente ignorados, há quem ainda se preocupe com isso. Luiz Eduardo Soares é um grande exemplo, no entanto, o que mais escutamos é o discurso redondamente perdido da classe média: Sou da Paz.

O resultado disso tudo será semelhante aos ataques que o PCC promoveu em São Paulo.

A amnésia da gênesis.



terça-feira, 2 de novembro de 2010

Desafios do Governo Dilma.


O final das eleições foi evidente; o povo preferiu pela continuidade do governo Lula e não o moralismo disfarçado de populismo de Zé Serra. Para o desvario dos Tucanos, grande parte dos Brasileiros resolveu ficar com o cheque passado por Lula, a fim de eleger Dilma Rousseff.

Em meio à multidão de informações sobre a eleição de nossa agora presidenta do Brasil, fiz questão de comprar o Jornal Folha de São Paulo para ler as reações dos jornalistas. Não houve nada de novo, o mesmo discurso de sempre, que nossa democracia está ameaçada, aliás, palavra esta tão malfadada e esvaziada que qualquer conversa em acordo parece ser democrática.

Mas, voltando ao assunto, o jornal Folha de São Paulo escreveu aos seus leitores e em determinados momentos subestimaram nossa inteligência com um discurso que atinge a beira do delírio. A revolta do jornaleco em dizer que Dilma está em torno de partidos fisiológicos demonstra a posição do jornal: a revolta perante a derrota nas urnas.

Dilma deus sinais em seu discurso que irá vergar seu governo para o lado do social-popular. Não será fácil conviver com interesses corporativos dos partidos, famintos de benefícios, com o desejo de realizar as urgentes reformas estruturais que o governo Lula não conseguiu: política, fiscal e agrária. Caso consiga realizar estas reformas, Dilma estará trazendo de volta aos poucos o perfil do PT que ao longo dos anos foi se desgastando.

Estas três questões constituem para o novo governo um desafio a enfrentar.

Além das cobras de plantão.

domingo, 24 de outubro de 2010

O jogo de humilhados e ofendidos

Neste bate boca político entre o ex-José Serra, que agora é chamado de Zé, que, aliás, de Zé não tem nada, é apenas uma apelação aos mais pobres e oprimidos para angariar mais votos, Dona Dilma, também se finge de Santa ao debater questões pra lá de retrogradas e moralistas.

O que este debate tem em comum? Ora, é evidente: a falta de informações!

Temos claramente dois projetos de Brasil, um que é evidentemente aliado ao governo FHC, e outro, que é continuidade de Lula, no entanto, o que prevalece nestas eleições é um falso moralismo burguês que beira o discurso conservador, o que faz lembrar algumas regiões dos Estados Unidos, onde a invasão da Igreja traria uma suposta ética para política e por fim, a volta dos bons costumes.

Sabemos que de longe a ética não está na política, Maquiavel demonstrou na obra O Príncipe, aliás, quão difícil é determinar o que é Ética! Se perguntarmos a qualquer parlamentar do conselho de ética o que eles entendem por esta palavra, cada um trará uma definição, o que demonstra no mínimo uma burrice, e a ofuscalidade de discursos.

O que resulta desta bate boca eleitoral?

O voto da desinformação.

Ao colocar-se do lado de supostos Santos Moralistas Do Pau Oco que defendem os valores da família, governo de união, e mais trololós e trololós carregados de esvaziamento e espetáculo, Dilma e Serra vão as “paróquias” conversar com a alta cúpula da CNBB, e com pastores, pedir a benção a estes que “compartilham” a política da moral e dos bons costumes. Tais eventos transformaram questões cernes dos rumos do Brasil em espetáculos e deixaram de lado o debate e o diálogo, para entrar o jogo de réplica entre Humilhados e Ofendidos.

O que vemos é um verdadeiro jogo de desinformação, recheado de humanismo e que sem dúvida, mais confundem do que esclarecem. Essas campanhas pela moral e ética na política são comparáveis às campanhas assistencialistas recheada de direitos humanos; estas, apenas criam a ilusão de que uma sociedade embasada na produção e extração de mais-valia não seja estruturalmente imoral, antiética, violenta e anti-humanista[1]. Neste sentido, os bovaristas de plantão acabam votando em direitos supostamente universais, cujo contrato moral burguês é a satisfação animal de interesses e desejos privados, uma espécie de Robson Crusoé.



[1] Hector Benoit, Do amoralismo universal ao privado. Dossiê: Marxismo, ética e política revolucionária.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Greve professores 2010 - resposta ao governador josé serra



A imagem e o discurso valem mais que um texto. Este é pretendente a presidência da república do Brasil.
Não ao Serra!

domingo, 10 de outubro de 2010

O segundo turno e a igreja



O vídeo de acima de Dráuzio Varella é eminentemente atual. Após o final do primeiro turno das eleições, que acabou há poucos dias, um acontecimento vem sendo cada vez mais evidente nos debates públicos, ainda que na surdina, os bastidores dos Partidos de FHC e Lula debatem: Como lidar com questões que batem de frente com a Igreja?
José Serra acusa Dilma de violentar contra a vida e de proclamar o aborto, no entanto, este tem a mesma postura de Dilma, logo, ambos têm a mesma posição: a legalização do aborto. Mas a questão não é tão simples. José Serra tem ciência de sua postura, angariar votos, afinal de contas, em um país como o Brasil, qual político ousaria tocar em assuntos tão delicados nestes tristes trópicos? Esta questão ficou nítida para Dilma. Após diversas críticas sobre tais questões, Dilma recuou, e seu discurso soa semelhante ao de José Serra: ambos querem lutar pelos valores cristãos e estar ao lado da família. É inevitável compará-los aos Democratas Cristãos!
Todo este debate só esclarece a questão: a igreja ainda é um divisor de águas no processo político do Brasil. Com este atraso intelectual que faz lembrar o período feudal, as regras do jogo ainda são jogadas pela igreja, e os políticos que não querem perder seus votos, simplesmente dizem: amém!
Estamos muito longe de ter um Estado Laico...

sábado, 2 de outubro de 2010

Manuscritos Cotidianos

I

Estar sendo, ter sido. Uma afirmação tão cruel e nua de se fazer nos dias de hoje. Quem tem ousadia nos dias de hoje de dizer a verdade e sustentá-la? Muitos preferem ficar na inércia, supondo um bucolismo pequeno burguês de uma vida afastada de responsabilidade.

Que mentalidade é essa?

Pensar que as idéias mudam. Tentar juntá-las ao fardo da compreensão difícil de ter. Tais exercícios só supõem o que se esconde por de baixo dos panos. Se é que se escondem! Mas, estes, que gostam de viver afastado dos movimentos cotidianos, possuem uma fé inabalável que idéias mudam alguma coisa.

Ledo engano. Não sabem o que estão dizendo.

II

Num posto de gasolina, dois homens conversam sobre a situação política brasileira. De repente, um deles diz-me que é necessária ética na política. Digo que não, irritado, pergunta-me o que entendo por ética. Fiquei sem saber o que responder. O moço ficou embaraçado com minha falta de definição, ou talvez, até irritado. Mesmo assim, disse-me várias palavras que no entender dele era Ética.

Quantas palavras usadas para a definição de uma só!

III

A gente fomos à casa de João. Você está louco? Não é assim que se diz! A regra é clara. Diz-se: nós fomos à casa de João. Parece que não sabe usar a norma culta!

Ah, esses puristas da gramática tradicional! Constituíram-se com base em preconceitos sociais o tipo de mentalidade que perpetua na cabeça da maioria das pessoas.

Ainda bem que temos Guimarães Rosa, que faz justamente o contrário destes imbecis lingüísticos!

IV

Deve-se dizer a verdade. Pra quê? Drummond abriu as portas e as deixou em movimento para que todos passassem. Alguns curiosos ficaram sem saber o que estava acontecendo, olharam, olharam e olharam, outros, simplesmente notaram a lacuna e sem pedir licença, entraram. Aqueles que ficaram do lado de fora se questionaram. Como podes entrar desta forma? Existe uma regra? Claro, em todos os lugares existem regras. Então, diga-me porque não usaste tais regras? Já disse, a porta estava aberta e entrei.

Como assim? Que absurdo!Procurarei o responsável.

Isso, se encontrares, não estarei aqui. Pois, minhas palavras já foram ditas. E quem as ouviu? Aqueles que estavam lá. Lá aonde? Não sabes? Não.

Então, ficará sem saber...

V

No trem as pessoas parecem as mesmas. Andam apressadamente, de cabeça baixa, rumo ao seus respectivos destinos. As meninas, com seus cabelos lisos de chapinha, também parecem as mesmas. Loiras alisadas, com fones de ouvido e portando roupas de executivas, na realidade, muitas destas, são atendentes de supermercados.

Ao descer, todos seguem correndo para a baldeação afim de não perder o trem. Outros, permanecem dormindo até a estação final.

VI

Quando voltam pra casa, o sacrilégio continua o mesmo desde cinco da manhã. Esperar o trem, entrar correndo para sentar em algum banco. Todos são os mesmos, cabeça baixa, fones de ouvidos, calças femininas largas, vestimentas de uniforme de executivas, que na realidade não são, e quase todos dormindo.

Em seus lares, um sinal alude o que deve ser feito.

sábado, 25 de setembro de 2010

O desespero de Serra.

José Serra, que no início de sua campanha eleitoral tentou erradamente posar de humilde no horário eleitoral se autodenominando Zé Serra, com um pagode tocante ao fundo, logo percebeu que estava iniciando a campanha erradamente. Aliás, seu parceiro de partido, Fernando Henrique Cardoso fez duras críticas a este modelo de horário eleitoral escolhido pelo PSDB. FHC disse simplesmente que Zé Serra não é Zé e sim José. Ora, convenhamos, José Serra querer pertencer a uma classe que não lhe pertence, tentando sensibilizar o povo de que é moço humilde, provindo de escola pública e que venceu na vida (para angariar votos) não dá! O que passava pela cabeça de Zé?/José Serra? Querer se comparar com um Lula? É obvio! É o desespero de tentar convencer o eleitorado a não votar em uma desconhecida como Dilma.

Acho que a idéia de se fazer um horário eleitoral desta forma, surgiu com o filme de Lula. Só pode ser!

O fato disso tudo é que Serra tenta desesperadamente ganhar as eleições com uma retórica pra lá de barata, apontando os últimos escândalos na Casa Civil e relembrando alguns casos do passado. Lembremos que seu partido aliado (DEM Dinheiro em Meias) representa o antigo PFL, que é a alta direita do Brasil e esteve imerso em escândalos e mais escândalos.

Agora, a questão que está ficando pesada na política de Serra são as duras críticas que este vem fazendo a Dona Dilma após o caso de Erenice Guerra. Serra não está errado, aproveitou a oportunidade para metralhar o PT, que tem o dom de afundar-se. No entanto, Serra encontra-se desesperado, porque sabe que o Brasil nunca esteve em situação tão boa quanto à promoção de sua população. Não é a toa que a frase de Tiririca no horário eleitoral está pegando, porque o Brasil vai bem e, então, podemos nos dar ao luxo de brincar. Caso estivéssemos em um momento de crise, Tiririca seria desconsiderado, o que provavelmente não ocorrerá para maior desespero ainda de Zé.

Apelando para o moralismo típico da direita conservadora de São Paulo, Zé/José Serra se vê perdido com seu partido perdendo as eleições para uma desconhecida. Zé sabe que Lula elegeria qualquer desconhecido, e este fator justamente que os tucanos ainda não entenderam.

Resta a Serra e aos jornalecos de plantão (Arnaldo Jabor a Reinaldo de Azevedo, Neumane Pinto e Diogo Mainardi) continuar a fazer uma coisa só: atacar Lula.




segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Não ao ensino técnico!

1. Os estudantes devem ter acesso a Universidade por meio de uma escola pública de qualidade,
2. O ensino médio não deve ser uma velharia inútil com a pretensa ilusão de empregar estudantes após as manobras técnicas,
3. O ensino técnico é a regressão a ditadura, que, na LDBN 5.692/71 estragou o ensino de vez,
4. Por um ensino que dê acesso à Universidade,
5. Não a profissionalização precoce!
6. Que o capital humano não se estenda por meio de uma escola técnica,
7. Que a Universidade seja Universidade,
8. Que escola seja escola,
9. Tecnicismo? Não! Por uma educação básica que dê acesso ao ensino Universitário não “profissionalizante!”.
10. Por uma educação básica e Universitária realmente.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Os excêntricos nas eleições!

Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal

Mais eu “to nem aí
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não “to nem aqui”
Se morre gente ou tem enchente em Itaquera
Eu
quero é que se exploda a periferia toda
Mas fico indignado com estado quando sou incomodado
Pelo pedinte esfomeado que me estende a mão

(Max de Castro: Classe Média)


***

“Vou votar na mulher do Lula”. Esta é a frase que está na boca de todo cidadão brasileiro, principalmente a recém classe média, da qual Max de Castro canta na canção “Classe média”(ouvir a música no link: http://www.youtube.com/watch?v=KfTovA3qGCs). Sabemos não se trata da esposa de Lula, Marisa, mas sim de Dona Dilma. Pior para Serra que tenta ser em sua campanha um Zé!

Enquanto este cenário está praticamente com as cartas marcadas e definidas, outro fenômeno que vem acontecendo nas candidaturas a Deputados Federais está despertando a ira de alguns setores incomodados com a ironia na política. Ora, muitos cidadãos estão pensando. O que tiririca tem haver com política? E mais uma gama imensa de candidatos excêntricos. Tudo isso tem uma explicação. É a possibilidade de um voto excêntrico carregado de todo repúdio contra aqueles que prometem mil maravilhas.

Ora, não é de hoje que temos candidatos excêntricos. Clodovil foi eleito e disse praticamente que não ia fazer nada. Enéias também foi eleito com seu slogan furioso slogan “meu nome é Enéias”, na mesma onda foi a doutora Havanir Ribeiro, que uns tempos atrás estava procurando um namorado na TV. Mas, convenhamos, qual a vantagem dos excêntricos? É evidente! A sinceridade.

Enquanto os demais candidatos aparecem no horário eleitoral sem mexer ao menos o rosto, e prometem aqueles textos recheados de bordões que de em quatro em quatro anos não saem da moda “vou investir na educação, na saúde, na segurança...” e todas bobagens que já sabemos, os excêntricos estão aos poucos ganhando a cena política. Quem não se lembra do Cãozinho dos teclados e Batoré? Fazem parte da cena política paulistana.

Estes, não caíram no jogos repleto de frases repetidas, os outros, continuam na mesma, e assim vai seguindo o nosso Brasil...



quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Eleições 2010

Há muito tempo que a política deixou de ser algo sério para o brasileiro. Motivos não faltam. O primeiro de todos é certamente a obrigação do voto. Imagine se nesta sociedade nomeada “democrática” tivéssemos a opção de ir votar? Semelhante ao que ocorre nos EUA. Certamente entraríamos num colapso de descrença nunca visto antes e este é o grande temor dos políticos. Outro motivo é a lei, que além de cega é paralítica. De que adianta um artigo que diz que todo cidadão deve ser tratado igual perante a lei? Sabemos que a prática não sai do papel. Casos que denunciam esta prática não faltam: dinheiro na cueca, em meias, malas, desvios de verbas públicas, construção de castelos (e este último disse que pouco está se lixando pra opinião pública!). Este é o Brasil.

Agora estamos nas eleições 2010 e novamente presenciamos algumas figuras que parecem mais palhaços em um circo do que sérios políticos a nos representar. Vejamos as figuras: Batoré, Kiko do KLB, Tiririca, Marcelinho Carioca, Levy Fedelix, Ronaldo Esper, Plínio Arruda Sampaio, Eymael. De todo este circo, em quem votar?

Batoré? Será que esta vai fazer bonito como político? Kiko do KLB? Será que este vai cantar músicas do KLB em Brasília? Tiririca? Sem comentários! Marcelinho Carioca? Fará política somente a corintiano? Levy Fedelix? Instalará sua lunática idéia do aéreo trem para a próxima copa? Ronaldo Esper? Quando esteve com depressão, roubou um vaso no cemitério da consolação. Deveria ser enquadrado no ficha limpa, mas não foi. Quando estiver em depressão em Brasília, o que vai fazer? Plínio Arruda Sampaio? Será que este vai fazer a tão esperada revolução socialista? Eymael? Será que este vai trazer a moral cristã para a república?

E os presidenciáveis?

Marina Silva? A evangélica que ingenuamente acha que os seres humanos têm o domínio sobre a natureza. José Serra? Sua campanha fez-me lembrar o filme de Lula, cuja prepotência em ser um político de origem humilde e que vai ajudar os pobres não cola. Um elitista fingindo-se ao lado do povo. Não cola. E dona Dilma? Será que esta vai superar a entidade metafísico-política de Lula?

Não há nada definido. Apesar das ilusões das estatísticas dizerem quem vai vencer. Mas enquanto isso; analisemos os candidatos de nossa saudosa república brasileira.

Só aqui se produz “políticos” tão excêntricos.

sábado, 31 de julho de 2010

O saber científico

“Quais tipos de saber vocês querem desqualificar no momento em que vocês dizem ser esse saber uma ciência? Qual sujeito falante, qual sujeito discorrente, qual sujeito de experiência e de saber vocês querem minimizar quando dizem: ‘eu, que faço esse discurso, faço um discurso científico e sou cientista’?” (FOUCAULT, 1999: 15)


Os cientistas, estes que lidam com o conhecimento puro e verdadeiro, são tidos como entidades superiores, quase que inquestionáveis em seus saberes. É simples notarmos como tais saberes proliferam como mecanismos de verdade na sociedade contemporânea. Recentemente tivemos um problema que inicialmente foi denominado como Gripe Suína, pouco tempo depois a nomenclatura mudou: Gripe H1N1. Quais as razões de tal mudança? Poucos sabem. O fato é que após o surgimento desta gripe (seja qual for o nome dado a esta), diversos médicos começaram a recomendar que as pessoas usassem álcool gel. O que aconteceu? O álcool gel sumiu das prateleiras e as empresas que fabricam tal produto obtiveram lucros extraordinários: escolas, hospitais, locais de trabalho e demais lugares fechados, ali se encontrava o álcool gel guardadinho para uso e prevenção contra a tal gripe. É notável como tais discursos repletos de autoridade se espalham na sociedade, claro, com a ajuda dos diversos mecanismos de mídia, onde a notícia que busca informar o cidadão nada mais faz do que reforçar a autoridade científica perante os fatos acontecidos. O que ocorre após a fala de uma autoridade prescrevendo o que deve ser feito? É óbvio! Todos seguem às prescrições médicas.

Passados uns tempos, onde ninguém mais falava da tal gripe, que, diga-se de passagem, fez-me lembrar a obra La Peste de Albert Camus, tudo voltou ao normal. Ou seja, parece que a gripe morreu, pois ninguém fala no assunto e algumas pessoas deixaram de seguir tais regras prescritas. Ora, o que acarreta este pequeno exemplo? Só mostra como o saber científico é apenas um conhecimento repleto de determinantes e funções na sociedade[1]. Lembremos o que o conhecimento científico produziu: Auschwitz, Hiroshima, Nagasaki. Ora, que ciência é esta que produz tais efeitos? Tais perguntas interessam verificar o papel dos intelectuais enquanto agentes ativos no desenvolvimento de teorias para o tão famoso progresso humano. Neste sentido, é também interessante verificar as pesquisas sobre Inteligência Artificial, que há um bom tempo estão sendo desenvolvidas. Aliás, os cientistas que lidam com isso, acreditam que possamos ter um computador que pense semelhante aos humanos, um computador poderá afirmar que está feliz, mas não poderá sentir isso (acho que estes cientistas andaram assistindo O Mágico de OZ!). É difícil acreditar em tais afirmações, não no avanço da ciência computacional, mas, diante do avanço do estudo do cérebro, microbiologia e da química dos neurônios; estes estudos trazem a luz não as possibilidades de um fantástico computador, ao contrário, revelam uma ciência que traz novamente o fantasma de Auschwitz, Hiroshima, Nagasaki e que muitos intelectuais envolvidos neste sistema, acreditam trazer o tão famoso progresso a sociedade.

Que Auschwitz, Hiroshima, Nagasaki não voltem às páginas dos jornais sob a face de um computador maluco comandando várias ações!



[1] Um exemplo interessante acerca do assunto é sobre a bomba atômica. Em seus estudos sobre energia nuclear, Einstein tinha plena consciência que havia a intenção de utilizar a energia nuclear para fins militares, pois o Ministério da Defesa americano arcava com os custos de suas pesquisas, no então Projeto Manhatan. Ele só não contava com dois fatos: o primeiro é que viesse a estourar uma Segunda Guerra Mundial e o segundo é que em algum dia essa energia fosse realmente utilizada para fins de destruição em massa. Ele também conhecia bem os efeitos da bomba de urânio. Einstein enviava freqüentemente cartas ao presidente Roosevelt informando-o sobre o progresso do projeto e solicitando recursos humanos ou instrumentais quando necessário. Também solicitava materiais radioativos e informava o governo sobre seus efeitos. Após o lançamento da bomba atômica em território Japonês em 1945, Einstein passou a considerar seus estudos para fins militares um dos maiores erros de sua vida.



sábado, 24 de julho de 2010

Stallone: o idiota!

O ator Sylvester Stallone provocou a ira de nós brasileiros ao fazer declarações pra lá de idiotas durante uma entrevista de divulgação na Comic-Com 2010 em San Diego, nos Estados Unidos. Ao ser perguntado “por que rodar no Brasil? ". O imbecil de músculos flácidos respondeu em tom de piada: “lá você pode atirar nas pessoas, explodir coisas e eles dizem; obrigado! E aqui está um macaco para você levar para casa. E ainda acrescentou, não poderíamos ter feito o que fizemos em outro lugar. Explodimos muita terra. Parecia assim, todo mundo traz o cachorro quente, vamos fazer um churrasco, vamos explodir essa cidade. Não satisfeito, ainda fez considerações sobre a violência local - dizendo que foram necessários 70 seguranças para garantir o bem estar de sua equipe - e sobre o símbolo do B.O.P.E (Batalhão de Operações Especiais). Os policiais de lá usam camisetas com uma caveira, duas armas e uma adaga cravada no centro; já imaginou se os policiais de Los Angeles usassem isso? Já mostra o quão é problemático aquele lugar. Sylvester Stallone se esquece dos problemas de seu país, que, aliás, é o grande provocador de inúmeras guerras que vem devastando diversos países, com a falsa idéia de instalar democracia, causando inúmeras mortes, e seqüelas seculares.

Após ter provocado a ira de nós Brasileiros, o imbecil musculoso pede desculpas, “Sinceramente me desculpo com os brasileiros e a produção do filme. Toda minha experiência no Brasil foi fantástica e falei para todos os meus amigos filmarem lá. Ontem, estava tentando fazer humor e saiu desastrosamente. Não tenho nada a não ser respeito por esse grande país que é o Brasil. Mais uma vez, me desculpe”.
Comentários como esse apenas demonstram a ideologia embutida deste “ator”, que enxerga o Brasil como um país a se explorar o que tem de pior, para depois transformar em porcarias estereotipada, velados por meio de filmes, para depois, massificar a imagem de nosso país. Um ator deste "nível" não sabe o que fala. Pois demonstrou de forma clara o que lhe é passado, para depois reproduzir por infelizes palavras mal ditas.

Cala boca Stallone!


O ator Sylvester Stallone provocou a ira de nós brasileiros ao fazer declarações pra lá de idiotas durante uma entrevista de divulgação na Comic-Com 2010 em San Diego, nos Estados Unidos. Ao ser perguntado “por que rodar no Brasil? O imbecil repleto de músculos flácidos respondeu em tom de piada: “lá você pode atirar nas pessoas, explodir coisas e eles dizem; obrigado! E aqui está um macaco para você levar para casa. E ainda acrescenta, não poderíamos ter feito o que fizemos em outro lugar. Explodimos muita terra. Parecia assim, todo mundo traz o cachorro quente, vamos fazer um churrasco. Vamos explodir essa cidade. Não satisfeito, ainda fez considerações sobre a violência local - dizendo que foram necessários 70 seguranças para garantir o bem estar de sua equipe - e sobre o símbolo do B.O.P.E (Batalhão de Operações Especiais). Os policiais de lá usam camisetas com uma caveira, duas armas e uma adaga cravada no centro; já imaginou se os policiais de Los Angeles usassem isso? Já mostra o quão é problemático aquele lugar. Sylvester Stallone se esquece dos problemas que atravessa seu país, que, aliás, é o grande provocador de inúmeras guerras que vem devastando diversos países, com a falsa idéia de instalar democracia, causando inúmeras mortes, e seqüelas seculares.

Após ter provocado a ira de nós Brasileiros, o imbecil musculoso pede desculpas, “Sinceramente me desculpo com os brasileiros e a produção do filme. Toda minha experiência no Brasil foi fantástica e falei para todos os meus amigos filmarem lá. Ontem, estava tentando fazer humor e saiu desastrosamente. Não tenho nada a não ser respeito por esse grande país que é o Brasil. Mais uma vez, me desculpe”.
Comentários como esse apenas demonstram a ideologia embutida deste “ator”, que enxerga o Brasil como um país a se explorar o que tem de pior, para depois transformar em estereótipos velados por meio de filmes e assim, massificar a imagem de nosso país.

Cala boca Stallone!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Rabelais: um espírito libertário.



(...)

Toda a sua vida era empregada não por leis, estatutos ou regras, mas segundo a sua livre e espontânea vontade. Levantavam-se da cama quando muito bem queriam; bebiam, comiam, trabalhavam, dormiam quando lhes dava vontade. Ninguém os acordava, ninguém os obrigava a beber, a comer ou a fazer qualquer outra coisa. Assim estabelecera Gargântua. Em sua regra só havia esta cláusula:
FAZE O QUE QUERES.


*Gargântua e Pantugruel, de François Rabelais. p.230

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Piva: o poeta da transgressão


Depois de Saramago bater as botas, Roberto Piva também bateu outras botas, e, agora resta-nos somente lembranças das tardes na Casa da Palavra em Santo André, na qual o poeta leu inúmeros poemas. Deixo abaixo, um texto de João Silvério Trevisan, publicado na revista de cultura n°38 do ano de 2004.

A arte de transgredir (uma introdução a Roberto Piva)
João Silvério Trevisan

1.

A história pessoal do poeta Roberto Piva começa e gira em torno da cidade de São Paulo. Ele cresceu e formou-se entre a capital e as antigas fazendas do pai, no interior do Estado de São Paulo. Seus primeiros poemas foram publicados em 1961, quando tinha 23 anos. Nessa mesma época, integrou a famosa Antologia dos Novíssimos, de Massao Ohno, na qual se lançaram vários poetas brasileiros iniciantes, que depois desenvolveram uma obra poética de importância. Piva formou-se em sociologia. Sobreviveu em grande parte como professor de estudos sociais e história. Em suas aulas aos adolescentes do segundo grau, costumava trabalhar as matérias a partir de poemas que os fazia ler e interpretar. Foi um professor de muito sucesso, com rara vocação como pedagogo. Nos anos de 1970, tornou-se produtor de shows de rock. Piva mora em São Paulo, cidade que lhe parece apocalíptica, exemplo do que não deve ser feito contra o meio ambiente, mas que forneceu todo o pano de fundo para sua obra poética. Tem medo de avião.

Por isso, raramente se distanciou demais da capital, de onde foge sempre que pode, de ônibus ou carro, sobretudo para o litoral sul do estado de São Paulo, refugiando-se em casa de amigos na Ilha Comprida ou em pensões baratas de Iguape. É lá que realiza seus rituais xamânicos e entra em contato com seu animal xamânico, o gavião.


2.

A genealogia poética de Roberto Piva apresenta raízes e inclui influências muito raras na literatura brasileira, formando uma mistura-fina que é única por sua erudição, mas também por sua transgressão. Começa com Dante Alighieri. Ainda na década de 60, por três anos Piva aprofundou-se nos estudos da Divina Comédia, orientado por Eduardo Bizzarri, adido cultural do Consulado da Itália em São Paulo. Esse contato com Dante foi como seu imprinting poético-filosófico: marcou para sempre sua visão de mundo, sua política e sua poesia.

Ao conhecer os poetas metafísicos ingleses, sobretudo William Blake, Piva começou a aprofundar sua experiência mais direta com o sagrado e a vida interior.

A entrada em cena de Hölderlin e dos poetas expressionistas alemães Gottfried Benn e Georg Trakl temperaram essa experiência com uma ponta de pessimismo, que deixou de ser circunstancial quando, ainda na década de 60, Roberto Piva teve contato com a obra de um filósofo praticamente desconhecido, no Brasil do período: Friedrich Nietzsche.

À experiência juvenil de Piva agregou-se a contundência desse profeta pessimista e decifrador da alma moderna. Mas nem só de espírito, nem só de intelecto fez-se o aprendizado juvenil de Roberto Piva, que cedo descobriu Rimbaud e Lautréamont, recebendo a influência desses dois poetas visionários, que extrapolam os limites da expressão racional e das escolas literárias.

A partir daí iniciou-se em sua vida o cultivo do rimbaudiano “desregramento de todos os sentidos” para se chegar à poesia. Das vanguardas do começo do século 20, Roberto Piva absorveu lições do surrealismo, na vertente francesa de André Breton, Antonin Artaud e René Crevel. É um dos três únicos poetas brasileiros a constar no famoso Dicionário Geral do Surrealismo, publicado na França. A partir de Artaud, Piva incorporou a idéia de que existe um compromisso absoluto entre poesia e vida.

O dito artaudiano “para conhecer minha obra, leia-se minha vida” teve em Piva a contrapartida: “só acredito em poeta experimental que tem vida experimental”. Também é flagrante em sua poesia a influência dos futuristas italianos (com seu culto à fragmentação moderna), acrescida de algumas expressões musicais da contemporaneidade do pós-guerra, através da onipresente marca do jazz e da bossa nova, duas fidelíssimas paixões de Roberto Piva. Mas há mais duas fortes presenças contemporâneas em sua poética. Uma é a beat generation americana, da qual Piva não só absorveu a estilística fragmentada e a temática que aproxima o contemporâneo do arcaico, mas através da qual também sedimentou a orientação basicamente transgressiva dos costumes do seu tempo.

Na década de 70, a transgressão foi reforçada pela descoberta do outsider Pier Paolo Pasolini, protótipo do intelectual-profeta que caminha nas frinchas do paradoxo. Dos poetas brasileiros, essa genealogia poética agregou as figuras de Murilo Mendes - com seu surrealismo intenso, expontâneo e sensorial, ao contrário dos franceses intelectualizados - e Jorge de Lima, sobretudo aquele barroco, visionário e atormentado de “Invenção de Orfeu”. Os elementos finais da construção poética de Roberto Piva evidenciam uma substancial ligação com o aspecto mágico.

Suas constantes caminhadas xamânicas pela represa de Mairiporã e serra da Cantareira, ambas nos arredores de São Paulo, além de Jarinu, no interior do estado, selaram sua ligação sagrada com a natureza.

Essa sacralidade é, para Piva, a única salvação possível ao mundo moderno, que colocou a destruição da natureza como parte do seu projeto consumista. No quadro da recuperação do sagrado e do mágico, enquanto forças da natureza, Piva passou a estudar e praticar o xamanismo. Para aprender o culto ao primitivo e às forças da natureza, foi buscar elementos não apenas em teóricos como Mircea Eliade, mas sobretudo nas culturas indígenas brasileiras e na prática do candomblé. Ele não só cultua seus orixás (Xangô, Yemanjá e Oxum) mas também toca tambor para invocar seu animal xamânico, o gavião.

Paralelamente a essa trajetória em direção ao sagrado, Piva agregou dois elementos ligados à civilização grega. Um: a ingestão de drogas alucinógenas e bebidas libatórias, como formas de atualizar a tradição dionisíaca e a transgressão sagrada do paganismo. Dois: o culto a uma erótica homossexual, resgatando para a modernidade o amor grego, como um componente de transgressão do desejo.

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Segue abaixo um poema do poeta


"Poema XIV", de 20 Poemas com Brócoli, dedicado ao Carlinhos:


"vou moer teu cérebro. vou retalhar tuas

coxas imberbes & brancas.

vou dilapidar a riqueza de tua

adolescência. vou queimar teus

olhos com ferro em brasa.

vou incinerar teu coração de carne &

de tuas cinzas vou fabricar a

substância enlouquecida das

cartas de amor." (20 Poemas com Brócoli, 1981)