terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Senhor soberano

Muito honrado ao senhor soberano, envio-lhe esta carta dizendo tudo que o senhor prometeu, não aconteceu. Do que se pensou em fazer, nada foi feito. Que o alvo das críticas, às vezes irrefutáveis, continuam na mesma. Que os que pedem por ajuda continuam na ajuda. Que os que denunciam esta bandalheira, ainda são, bandalheiros.
(...)
A sociedade que o senhor disse mudar, não mudou, mas alguma coisa aconteceu meu caro senhor; está tudo tão diferente!
A solução de seus problemas, o paraíso fiscal, os castelos feitos, os dinheiros nas malas, cuecas, que vão sumindo aos nossos olhos, continuam muito bem como a droga da deliquência sem solução.
Pura oratória!
Seu Estado deve ser Eldorado.
E o nosso, retardado e demandado.
É a premência da vida.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Dinheiro, cuecas e afins.

O governador de Brasília deve estar de cabeça quente. Ou talvez não. Depois do escândalo envolvendo dinheiro, cuecas, meias e afins, seu partido político ficou numa saia justa. O DEM (Dinheiro em meias, Deu em Merda) ficou de analisar o caso e decidir o futuro de Arruda com a cínica justificativa de prestar contas a sociedade. A questão que fica posta para nós reles cidadãos que apenas presenciamos tudo de longe é: que fazer diante de tanta corrupção?
A pergunta é mais do que batida e óbvia. Isto é sinal que este acontecimento já é tido como normal para alguns. Enquanto Arruda segue tranqüilo em seu governo, manifestações se espalham em algumas regiões de Brasília e o que acontece quando há amostras de alguns indignados com a situação vigente é justamente o revés do que deveria ser feito com aqueles que cometem crimes. Ou seja, os indignados que protestam contra a corrupção, e que segundo Arruda impedem o direito de ir e vir dos cidadãos, devem ser repreendidos. Como disse Arnaldo Jabor, a justiça além de ser cega é paralitica. Deve ser por isso que ocorrem com tanta freqüência estes acontecimentos.
Uma coisa é certa: se um destes políticos for assaltado, não diremos “mãos ao alto!” ao contrário, devemos dizer “abaixe as meias e as cuecas!”.
Talvez ali se encontre a origem da corrupção!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Os deveres e a poesia

(...) Tinha pensado que a vida era um mar de rosas quando criança. Com o passar dos tempos, o crescimento e as responsabilidades, notei que as coisas que estavam ao meu redor não eram frutos repletos de fantasia. Ao contrário, comecei a compreender as angústias de meus pais brigando por coisas que no começo de minha vida não faziam sentido e as julgava como tolas. Hoje, vejo que é exatamente ao contrário. Aquela vida vivida nos primeiros anos nada mais era que uma obra construída arduamente pelos míseros capitais guardados nos bolsos furados de meus pais. Compreendi que os deveres de casa eram prioridade para a sobrevivência cotidiana do pão nosso de cada dia, e aquele muindo repleto de ilusão aproximava-se mais d'uma alegoria do bovarismo do que a concretude das coisas, que se esfacelou até a percepção de que a vida é tão rara e a conquista não é feita tal como pensam os poetas. Opostamente a isso, não havia lugar para poesia em casa, cuja premência da vida é a categoria primeira. Meus pais ficavam loucos da vida ao tentar buscar uma vida inexistente, mas não compreendiam que a dificuldade de se fazer um movimento tão pretensioso como esse, era tensão pura entre o abuso e o esgotamento de si mesmo.
A parti daí, o mundo surgiu doente e o espanto já não era surpresa.
E assim ficou sendo...