domingo, 17 de junho de 2012

O custo social do progresso


Algumas pessoas dizem por aí que vale a pena fazer qualquer coisa para o país progredir. Outros preferem o contrário. Em uma sociedade supostamente preocupada com a ética, em que medida se torna possível realizar o progresso de um país tão complexo como o Brasil?
Dizem que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva foi um grande exemplo acerca da questão. Ao ser eleito presidente da república na enésima tentativa, Lula teve de aliar-se com pessoas de índole pra lá de duvidosa. Ora, qual o problema deste fato? Dar a mão ao inimigo, é o que dizem.
Para o Brasil evoluir economicamente, dizem os políticos por aí, Lula teve de rasgar suas lições aprendidas no partido dos trabalhadores para melhorar a vida dos próprios trabalhadores. Os mais radicais dizem justamente o contrário. Lula foi um pelego que traiu os trabalhadores ao aliar-se com Sarney, Collor e companhia, para ceder cargos para partidos duvidosos. Ora, a questão não seria saber se a classe trabalhadora que na maior parte tornou-se classe média melhorou de vida? Ou, debater a finalidade de tais alianças? 
De todo modo, o que é preciso saber é: o progresso é um mito renovado por aparelhos ideológicos interessados em convencer que a história tem um destino certo e glorioso. Neste sentido, seria uma insensatez negar os benefícios do governo Lula, porém, convém analisar os riscos ao aceitar o argumento de que Lula mudou para a melhoria de vida do povo. Ou então, para usar um exemplo engraçado acerca do tema. Maluf rouba, mas faz!    
Mas, esse tal progresso, discurso dominante das elites em todo canto, traz também em si paradoxos: exclusão, concentração de renda, subdesenvolvimento (em todos os aspectos), e restrição de direitos humanos essenciais.
Mais inquietantes são os riscos decorrentes trazendo em si seus dilemas éticos e morais.
Basta fazermos uma pequena constatação. O século XX com seus imensos saltos tecnológicos e científicos trouxeram guerras, mortes, tragédias e misérias. Fez brotar desenvolvimento? Sim, fez. Contudo, mal sabemos os riscos que corremos e os problemas futuros que ele pode ocasionar.
Antes de qualquer análise é preciso saber quem determina e quem escolhe a direção desse tal progresso e com que objetivos é escolhido. Se não, ficaremos na omissão embevecida do rebanho do que da ação crítica vigorosa que merece este debate.