terça-feira, 17 de maio de 2011

Estribeiras porosas

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Não há duvida que exista alguma coisas em nós, que não sabemos o nome e que nos deixa completamente cansados das coisas que fazemos durante o dia a dia. Aquela velha conversa sobre rotina, cansaço e afins surge como um pronto socorro de vozes perdidas em meio aos caminhos que não sabemos também quais são.

Há um caminho? Não se sabe. O mais próximo parece o único e evidente.

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Talvez este caminho seja a cegueira denunciada por José Saramago em Ensaio sobre a cegueira, onde o claro para aqueles que não enxergam o palmo mão tem seus destinos traçados desde a tenra infância.

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Diante desta situação, se vejo uma moça passar horas num ônibus apertado e sem condições de trabalho, se vejo um ladrão roubando alguém, se vejo as mínimas condições de vida serem roubadas sem nenhum propósito, eu tenho de ser contra a este assalto dominante, não posso passar indiferente e ver que tudo está tudo bem.

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Somente aqueles que detêm os privilégios de ficar sem preocupações, vivendo uma vida bucólica, parecem ter o direito de não preocupar-se com tais acontecimentos, mas, por outro lado, estes despreocupados são os mais vulneráveis para a cegueira cor de leite denunciada por Saramago. Resta saber, quem é mais cego, aquele que vê, ou aquele que finge ver?