sexta-feira, 27 de novembro de 2015

O mito da razão única

Um estranho fato vem acontecendo há tempos na sociedade do conhecimento. A difusão das ideias sob á ótica da razão única.
Ora, o que significa isso para nós cidadãos?
Podemos dizer que este fato começa quando há circulação de notícias, especialmente fatos políticos, onde são difundidos uma única ideia, cujo objetivo é o convencimento a qualquer preço de que a ideia contrária está errada. Qual o perigo desta difusão?
O autoritarismo.
Governos anteriores governaram sob o mito da razão única. A Alemanha de Hitler e a Itália de Mussolini levaram para a população a visão de que tanto o fascismo e o nazismo eram bons regimes e o que estes governantes estavam fazendo era para o bem da população.
No caso Brasileiro, aos poucos estamos vendo este caminhar a qualquer custo. A mídia, que tendenciosamente coloca suas opiniões favoráveis a um partido, tenta a qualquer custo difundir a ideia de culpa de que tudo que está acontecendo é culpa da Presidenta Dilma e o que é necessário neste momento seria a intervenção militar.
Este é perigo: o caminhar aos poucos ao autoritarismo e a destruição das instituições democráticas.
Mas não é somente no campo político que há o mito da razão única. Em outras esferas esta ação é muito bem aplicada.
Vejamos.
 Na educação vemos esta razão ser difundida para nós professores, inculcando-nos por meios dos professores universitários a didática correta para o ensino. Isto é um mito. Pois a ´prática docente e a teoria, que, muitas vezes nos são ensinadas são completamente dispares. Eis a razão do mito.  Na filosofia, o mesmo acontece. Formam professores de filosofia para o exercício de comentar filósofos e não para fazer o que Kant nos escreveu: filosofia é aprender a filosofar. E mais, este pensamento, de comentar textos filosóficos é tão em voga no Brasil que jamais ousamos pensar os problemas da nossa realidade sob a ótica da filosofia. Pois o mais importante é falar da filosofia europeia, considerada nos centros acadêmicos como a melhor, pois é a mais difundida
Com tudo isso, o que fazemos? Ignoramos todos os demais lados para difundir única e exclusivamente esta razão única, que nos coloca apenas um ponto de vista.
Maurício Tragtenberg ilustrou muito bem esta questão em sua obra, A delinquência acadêmica: o poder sem saber e o saber sem poder, onde nos colocar de que forma nos somos inculcados por meio de saberes que não dão opção de olhar para outros lados.
Ironicamente a tudo isso, apesar de estarmos vivendo em uma sociedade do conhecimento, parece que grande parte dos saberes difundidos são os que permanecem em voga, demonstrando toda sua eficácia ao difundir tais ideias.
Mais do que tudo, é necessário sempre olhar os dois lados da moeda, e desconfiar daqueles que tentar a qualquer custo nos convencer de que algo está errado e o outro está certo.

Só um desiquilíbrio pra inverter esta ordem!

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Cultura da miséria, ignorância e submissão

O sistema escolar brasileiro talvez seja o grande responsável pela reprodução da ignorância, da miséria, submissão e é claro, analfabetismo.
Um país onde praticamente metade da população não consegue ler e interpretar aquilo que leu, realmente fica mais fácil de ser manipulado pelos governantes que aos poucos, estão desmantelando os direitos trabalhistas, com a famosa PL4330/2004.
Sem saber o que realmente se trata, ignorantes em si mesmos, os nobres parlamentares vão votando e colocando cada vez mais na cabeça dos brasileiros. Como um dia disse um amigo professor um ditado que é extremamente real: chapéu de trouxa é marreta! E nós brasileiros que simplesmente não sabemos o que se trata e o que é este projeto, ficamos simplesmente assistindo a votação acontecer, como se nada disso tivesse a ver conosco. Este é um dos aspectos principais da cultura da miséria, ignorância e submissão. Fingir que isto não tem nada comigo ou simplesmente ignorar.
Estes podemos dizer que são os idiotas, não no sentido que entendemos hoje, mas no sentido grego da palavra.  Na acepção original, idiota designava literalmente o cidadão privado, alguém que se dedicava apenas aos assuntos particulares em oposição ao cidadão que ocupava algum cargo público ou participava dos assuntos de ordem pública. O termo evoluiu de forma depreciativa para caracterizar uma pessoa ignorante, simples, sem educação. Popularmente, um idiota é um indivíduo tolo, imbecil, desprovido de inteligência e de bom senso. Idiotice é o produto daquele que é idiota.
Esta é a cultura da ignorância, deixar-se de lado para preocupar-se apenas com si mesmo.
Às vezes me pergunto: onde estão os indignados do Brasil? Por que se fossemos confiar nesta massa que colocam um bando de gente reacionária no congresso para nos ferrar e depois de fazerem seus projetos leis, estes mesmos idiotas vão as ruas protestar pedindo dignidade na política ou então, em caos que extrapolam a ignorância, a intervenção militar.
Com a educação submissa que temos, com essa massa  que não sabe para onde vai e que como bois vão seguindo seus destinos, não sabemos onde vamos parar.
Quando muitos destes jovens, que na maior parte, idiotas, e privados em si mesmos trabalharem, vão ver o que representa em muitos casos as mudanças do Brasil e suas leis.
Como diz o ditado popular, típico do contexto histórico da República Velha e usado por chefes políticos, expressa uma realidade caracterizada naquela época, transcrevo para os dias de hoje e cabe perfeitamente: Para os amigos pão, para os inimigos pau; aos amigos se faz justiça, aos inimigos aplica-se a lei.
Evidentemente que somos os inimigos.



quinta-feira, 26 de março de 2015

Copismo: uma doença educacional


Que a escola pública é uma instituição falida e sem sentido para a grande parte de jovens e adolescentes, isto não é nenhuma novidade. Ivan Illicht já havia feio esta constatação em seu belo livro Sociedade sem escolas. Este livro é tão atual que não precisamos muito para verificar suas constatações e fatos.
Uma das constatações que podemos verificar na escola pública é aquilo que chamo de copismo. O que é o copismo? Como se fundamenta? Como se constrói? E como se alimenta?
A escola, para muitos pesquisadores é um local de aprendizado e reflexão sobe sua própria realidade e sobre outros fatos decorrentes. No entanto, o que vemos é justamente o contrário disso, e o que vemos é um espaço somente para a socialização dos seu habitantes e o conhecimento e reflexão tornaram-se elementos secundários.
Neste contexto, a aprendizagem se fundamenta em apenas um elemento: o copismo, que se resume em apenas passar o texto na lousa e o aluno copiar.
Esta prática comum na escola se fundamenta de diversas perspectivas: o desinteresse por parte dos alunos, a falta de estímulo dos professores, que, cansados de lidar com alunos que não querem saber, apenas passam o texto na lousa e nada mais, a falta de investimento e estrutura da escola e por fim, incentivo por parte da instituição para a diversificação das atividades em outros locais. Todos estes elementos fundamentam o copismo, que se tornou uma doença educacional que está começando cada vez mais cedo.
Surgindo desde os primeiros anos, o copismo mantém rapidamente os alunos em seus lugares 9em alguns casos) e com esta prática que já se tornou comum, os estudantes acham que este é modelo a ser seguido por parte dos professores. Aqueles que querem fugir do padrão e tenta levar os estudantes a outros patamares de reflexão crítica, se depara com uma dificuldade cognitiva imensa que foi perpetuada desde o início dos primeiros anos escolares.
Para os governantes e gerentes de educação que sempre falam em educação de qualidade, esta é uma exímia que acalma os corpos dóceis e os deixa em um estado de letargia, que, o que se vê é um montante de mortos vivos caminhando nas escolas apenas para exibir-se uns aos outros.
Esta cultura dócil, mas profunda e eficiente está matando a mentalidade de nossos jovens, que, a cada passar de ano estão cada vez mais inertes e submersos nesta prática.
Só um desequilíbrio para inverter esta ordem!