sábado, 7 de fevereiro de 2009

Arruinamos a língua de Camões!? Sim! E daí?!

Muito se fala sobre o acordo ortográfico feito entre os países de língua portuguesa. Mas o que incomoda mesmo diante deste debate são os textos dos jornalistas a respeito do tema. Quanta porcaria é escrita e como suas análises são ralas e não esclarecem nada ao grande público, ao contrário. Só confundem a cabeça daqueles que não estão por dentro do debate. E o que falar de Pasquale Cipro Neto, este representa a direita da língua portuguesa, assim como Bechara em suas análises extremamente conservadoras que colocam o português de Portugal como a língua a ser seguida. Ledo engano!
O fato é que a língua portuguesa tem dois sistemas vigentes. Um no Brasil e o outro no colonizador Portugal, assim como nos demais países lusófonos (Angola, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau e Timor Leste).
Muitos ao ler este texto devem estar perguntado; mas por que dois sistemas?
Em ambos os países (Portugal e Brasil) o sistema vigente é amparado por dispositivos legais. No Brasil, José Luiz Fiorin conta-nos a grafia é regida pela lei 2.623 de 21 de outubro de 1955, que restabeleceu a vigência do acordo ortográfico de 12 de agosto de 1943, e pela lei 5.765 de 18 de dezembro de 1971. Esta situação se deve ao fato que logo após a “independência” do Brasil, os escritores diziam que além da independência política, era preciso estabelecer uma independência cultural.
Por isso, o Brasil não reconheceu a autoridade-colonizadora lingüística de Portugal. Foi um grande passo para se desvincular desse minúsculo país desimportante!
Não satisfeitos com a recusa dos Brasileiros, os Portugueses impuseram dificuldades na difusão do Português-Brasileiro a nível internacional. Só para se ter idéia, os documentos que tratam de proficiência em língua portuguesa de nosso país não são reconhecidos naquele minúsculo país totalmente desimportante na geopolítica global. Portugal impede a livre circulação de materiais impressos no Brasil nos países lusófonos e ainda exigem que os organismos internacionais publiquem todos os documentos segundo as normas vigentes por lá. É a verdadeira colonização política lingüística que nossos caros jornalistas não enxergam. E nem sequer o renomado escritor José Saramago escapa, pois estabelece que seus livros sejam publicados aqui no Brasil com o português de Portugal!
Retomo novamente, é preciso dizer que 90% dos falantes em língua portuguesa encontram-se no Brasil e não naquele país desimportante e minúsculo geograficamente que é Portugal. Isso sem contar àqueles países que estão sob as rédeas lingüísticas de Portugal.
É preciso acabar com isso urgente.
Mas afinal de contas, o que se pretende com este acordo?
Unificar a escrita e não língua.
Muitos em Portugal falam em recusar o acordo, pois este vem a eliminar a pureza da língua de Camões e que este representa a Brasilianização da ortografia. Não é a toa que adiaram o acordo em vigor definitivo!
Marcos Bagno, um dos poucos lingüistas que descem da torre de marfim da academia pra debater com os mortais do mundo do senso comum, diz que muita gente naquele minúsculo país teme que o Brasil assuma as rédeas da condução da língua portuguesa no mundo. Portanto, o debate acerca do acordo não é só isso. Trata-se de uma luta política em que os lusitanos teimam em manter a pureza de sua escrita. Adiando a vigência do acordo e pondo-se frente aos outros países falantes de Português como o país que mantém a posição soberana de língua padrão para os caros lusófonos da África e da Ásia.
Em seu belo artigo, Carlos Alberto Faraco demonstra a ignorância dos Portugueses dizendo que “num mundo em que várias línguas estão em extinção por terem poucos falantes e em que as “grandes” línguas lutam para garantir um equilíbrio frente à expansão do inglês, o português se vê apequenado por quem deveria ser nosso parceiro age como antagonista, tendo a diferença de ortografias como pretexto”.
Vemos aqui a burrice de um minúsculo país que teima em ser soberano com seu Português de Camões.
Mas não adianta retalhar-nos com o Português de Camões sendo a única grafia vigente em outros países. Aqui ninguém usa! Aos poucos vamos introduzindo nosso Português-Brasileiro!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Os filósofos são homens doentes!

Fernando Pessoa é o poeta que diz "os filósofos são homens doentes". Para dizer esta frase há uma grande suspeita a respeito do pensar fiósófico. Analisemos o porquê desta causa. Alberto Caeiro (heteronônimo de Pessoa) é um homem simples, como diz o próprio Fernando Pessoa "nasceu em Lisboa, mas viveu quase toda sua vida no campo, não teve profissão e educação quase alguma e morreu tuberculoso". Esta grande suspeita é muito bem definida em um livro, cujo diálogo é entre Heidegger e Fernando Pessoa. Primeiramente o poeta diz "você é filósofo e também poeta. Nota-se a diferença e às vezes a semelhança entre os discursos.
Quando começam a conversar, Heidegger inicia o folosofar, Fernando Pessoa se recusa pensar filosoficamente. Pois o pensar filosófico é por demais dificultoso!
Podemos notar uma diferença e o distanciamento entre os dois autores quando Fernado Pessoa diz;
(...)Metafísica? Que metafísica tem aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar frutos na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para quem vivem
Nem saber o que não sabem
Pode-se notar que Fernando Pessoa possui uma crítica radical em relação a metafísica, pois "a metafísica não é um fazer artístico, mas um conhecimento virtual, pois tende para conhecer e ainda não conhece. Com isso, Fernando Pessoa chega a conclusão "não sabemos de nada".
Coloca-se, portanto, como inimigo do misticismo que pretende "ver" os "mistérios" por detrás de todas as coisas. Fernando Pessoa busca precisamente o contrário. Ver as coisas como elas são, sem refletir sobre elas e sem atribuir-lhes significados ou sentimentos humanos.
É a partir daí a recusa da metafísica.
Por sua vez, Heidegger concorda por que segundo o filósofo, a filosofia se esqueceu do ser que só existe na relação com o nada. Para Heidegger, a filosofia se esvaziou por demais ao longo do pensamento ocidental. Com isso, Heidegger diz "os filósofos se esqueceram do ser, isto é do sentido".
O que pensar desse monte de coisas que Heidegger diz? E Fernando Pessoa, mais especificamente, Alberto Caeiro, homem simples e que não se preocupa com tais elementos.
Vejamos o que diz Fernando Pessoa,
Se eu pensasse nessas cousas,
Deixaria de ver as árvores e as plantas
E deixava de de ver a terra
Para ver só os meus pensamentos...
Entristecia e ficava às escuras.
E assim, sem pensar tenho a terra e o céu.
A preocupação de Fernando Pessoa é simples, a de Heidegger, quando decidiu isolar-se em um local distante foi apenas a poesia. Mas como é filósofo, não conseguiu escapar do vício e das dificuldades do pensar filosófico em relação ao ser. Perguntemos, será que Heidegger vê a realidade com simplicidade como Alberto Caeiro. Ou ainda pensa na dolorosa pergunta que ninguém respondeu há milênios sobre o ser?
Deve ser por isso que Fernando Pessoa escreveu "os poetas místicos são filósofos doentes, e os filósofos são homens doidos".