terça-feira, 28 de agosto de 2012

Onde estão os indignados do Brasil?



“Quando a gente olha para as coisas grandes, situação política, o aquecimento global, a pobreza do mundo, tudo parece mesmo horrível, nada está melhorando, não há nada de bom para esperar . Mas então eu penso nas coisas pequenas...sabe como é, uma garota que acabei de conhecer, ou essa música que a gente vai tocar com o Chas, ou brincar na prancha de esquiar na neve, no mês que vem, e ai parece ótimo. Então meu lema será este: pense nas coisas pequenas. (Ian McEwan. Saturdy)  

Cada vez mais os brasileiros se interessam menos por política. Desde o início da república, a grande parte assiste a distância os processos políticos regados a grandes doses de corrupção. No Brasil, a atividade política se tornou um verdadeiro show de Stand-up comedy. Aleinados e desinteressados, todos são vitimas de um longo processo que os faz ficar a margem da construção da historia da política brasileira. Este apolitismo é internalizado e muitas vezes acredita-se ser a postura mais correta diante de tanta corrupção.
A grande descrença e a falta de um horizonte se da na medida em que suas relações com as instituições políticas são praticamente nulas. Principalmente com relação aos candidatos que de quatro em quatro anos iniciam o ciclo vicioso de promessas do paraíso terrestre.
Este verdadeiro show político, onde a utopia foi esfacelada, acertou em cheio a pobre mentalidade brasileira. Deturpadas, as pessoas entendem (em sua maior parte) que a atividade política é um verdadeiro escândalo aos olhos dos que crêem em alguma coisa neste país.
Mas, como conciliar a apatia deste povo, o individualismo que assola a sociedade contemporânea?
Uma coisa é certa. O individualismo encontra-se enraizado em dois pólos. Primeiro está  nos representantes parlamentares, que como figuras publicas representam apenas seus próprios anseios, esquecendo o bem comum a população.. Segundo, o próprio povo, que com sua apatia, pensa apenas em suas vidas pacatas, achando que a política é uma causa perdida.
Sendo assim, o Brasil seria um país de idiotas?
Ao acreditar que o mais correto seria ficar distante de todo esse processo, o brasileiro assume a postura de preocupar-se apenas consigo. Neste sentido, a palavra idiota parece que cai como uma luva nas mãos do brasileiro. Na Grécia antiga, idiota (idiotes) é aquele que se preocupa com sua própria vida, em assuntos particulares. Neste sentido, a resposta a pergunta parece ser sim, na medida em que a população brasileira mostra-se mais preocupada em encher a geladeira do que participar ativamente dos eventos políticos.
Só um desvio para reverter esta ordem!          

domingo, 17 de junho de 2012

O custo social do progresso


Algumas pessoas dizem por aí que vale a pena fazer qualquer coisa para o país progredir. Outros preferem o contrário. Em uma sociedade supostamente preocupada com a ética, em que medida se torna possível realizar o progresso de um país tão complexo como o Brasil?
Dizem que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva foi um grande exemplo acerca da questão. Ao ser eleito presidente da república na enésima tentativa, Lula teve de aliar-se com pessoas de índole pra lá de duvidosa. Ora, qual o problema deste fato? Dar a mão ao inimigo, é o que dizem.
Para o Brasil evoluir economicamente, dizem os políticos por aí, Lula teve de rasgar suas lições aprendidas no partido dos trabalhadores para melhorar a vida dos próprios trabalhadores. Os mais radicais dizem justamente o contrário. Lula foi um pelego que traiu os trabalhadores ao aliar-se com Sarney, Collor e companhia, para ceder cargos para partidos duvidosos. Ora, a questão não seria saber se a classe trabalhadora que na maior parte tornou-se classe média melhorou de vida? Ou, debater a finalidade de tais alianças? 
De todo modo, o que é preciso saber é: o progresso é um mito renovado por aparelhos ideológicos interessados em convencer que a história tem um destino certo e glorioso. Neste sentido, seria uma insensatez negar os benefícios do governo Lula, porém, convém analisar os riscos ao aceitar o argumento de que Lula mudou para a melhoria de vida do povo. Ou então, para usar um exemplo engraçado acerca do tema. Maluf rouba, mas faz!    
Mas, esse tal progresso, discurso dominante das elites em todo canto, traz também em si paradoxos: exclusão, concentração de renda, subdesenvolvimento (em todos os aspectos), e restrição de direitos humanos essenciais.
Mais inquietantes são os riscos decorrentes trazendo em si seus dilemas éticos e morais.
Basta fazermos uma pequena constatação. O século XX com seus imensos saltos tecnológicos e científicos trouxeram guerras, mortes, tragédias e misérias. Fez brotar desenvolvimento? Sim, fez. Contudo, mal sabemos os riscos que corremos e os problemas futuros que ele pode ocasionar.
Antes de qualquer análise é preciso saber quem determina e quem escolhe a direção desse tal progresso e com que objetivos é escolhido. Se não, ficaremos na omissão embevecida do rebanho do que da ação crítica vigorosa que merece este debate.

sábado, 14 de abril de 2012

Leis de ameaça

É proibido proibir!

Desconfio daqueles deputados que em nome dos cidadãos inventam leis estranhas sob a justificativa de fazer o bem para a sociedade. Existe muito parlamentar por aí querendo proibir o chope nas calçadas, o quentão nas quermesses, a cerveja nos camarotes de carnaval, o vinho nas festas de nossa senhora queropita, a caipirinha nas praias e o champanhe comemorativo da formula 1...
Estamos caminhando cada vez mais para uma sociedade purista e careta.
De vez em quando somos ameaçados por projetos leis destes nobres parlamentares que não acrescentam em nada na vida dos cidadãos. Qual seria a justificativa para tantas leis proibitivas? Será mesmo esta a alternativa, proibir?
O fato destes senhores de leis proibirem tanta coisa evidencia cada vez mais um fato, o pânico do debate público destes ofendidos que visam tomar conta do pensamento público, esmagando e passando por cima de tudo que não concordam. Ora, colocar em xeque a liberdade do cidadão baseados em leis proibitivas não adiantam nada, de uma forma ou outra, estes leis serão burlardas e as pessoas vão continuar fazendo seus atos, sejam proibidos ou não.
O problema disso tudo é o medo que estes puritanos têm da afirmação da vida para além do bem e do mal. Morrem de medo de Eros e tentam se esconder em um asylum ignorantiae inundado pelo pânico da hostilidade primitiva do mundo.
A realidade para estes senhores conservadores de leis é insuportável e a verdade apresentada nua e crua é uma ferida que os agride o âmago de seus seres. Quando tais medidas são propostas, basta verificar o horror contido no discurso, e olha que estamos escrevendo apenas alguns projetos, deixando de fora, por exemplo, a proibição do uso de estrangeirismos proposta por certo bigodudo gaúcho.  
O espírito desta classe que nos “representa” não passa de puro ressentimento, por isso, estes puritanos da ordem temem qualquer abalo em seu mundo do bem. É neste sentido que leis são criadas, trazer benefícios para aqueles que compactuam com esta visão de mundo estreita e ameaçadora. Esta bancada que se define pela moral dos bons costumes e do bem, assumem ares de moral extremamente ameaçadores, por isso, escondem-se em miúdos projetos que nada dizem.
Nobres parlamentares, ao invés de preocupar-se com estes projetos inúteis, que tal elaborar uma lei que proíbe a corrupção?