Que o Rio de Janeiro está em guerra todos sabem disso há tempos, mas o que grande parte das pessoas ainda não sabem, nem este que escreve o texto, é que este estado sempre esteve em Guerra. Nos últimos dias tornou-se comum ver carros e ônibus serem queimados em plena luz do dia. Tal cena lembrou-me os tempos em que a cidade de São Paulo foi atracada durante dias e o estado tomou uma medida pra lá de polêmica: conversou com os cabeças dos ataques a base de chazinho das cinco e o governador estabeleceu um diálogo como forma de solucionar o crime.
Em meio a tantas imagens de fogo, agora temos uma paisagem que lembra muito de perto a guerra dos Estados Unidos com o Afeganistão. Só que muitos se esqueceram que aqui acontece há muito tempo. Mas, uma questão é certa em meio a tantas notícias: não sabemos o que acontece de fato e ficamos reféns de discursos maniqueístas de canais de TV e jornais que beiram o delírio e a burrice que proclamam a violência desordenada na cidade. Ora, sabemos que esta guerra que andam dizendo por aí merece ser analisada profundamente, mas a simplicidade dos fatos, o show de imagens, a luta entre polícia e bandido faz esquecer o que é preciso discutir de fato efetivamente.
Este discurso medíocre da Mídia traz como resultado o esquecimento a discussão política sobre tais acontecimentos, por outro lado, resgata velhos jargões de uma classe média que só reclama quando seu espaço é violentado pela ambição alheia. Sou da Paz!
Enquanto isso, muitos jovens que não tiveram oportunidades estão sendo mortos nesta “guerra” pelo próprio estado que os negou e que agora diz estar recuperando o território.
Ledo engano!
Sabemos que o buraco é mais em baixo e que tais acontecimentos são frutos de uma política ausente que se omite a discutir o próprio papel do estado nestes locais, onde o tráfico assume a figura destes políticos completamente irresponsáveis, bem como, a ausência do debate sobre a descriminalização das drogas, a ausência de política urbana e a falta de centros de convivência para a juventude que se encontra completamente perdida em escolas públicas falidas.
Tais debates são completamente ignorados, há quem ainda se preocupe com isso. Luiz Eduardo Soares é um grande exemplo, no entanto, o que mais escutamos é o discurso redondamente perdido da classe média: Sou da Paz.
O resultado disso tudo será semelhante aos ataques que o PCC promoveu em São Paulo.
A amnésia da gênesis.
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