segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Paisagens da mesmice

Os carros andando nas ruas é um repleto saltitante de dores. Há muitas pessoas caminhando pra lá e pra cá sem destino, algumas, caminham nos mesmos locais, o que logo se presume que estas fazem da vida. Outros, porém, de vez em quando são encontrados nestas ruas, e justamente por este fato, são resignadas por estes que se julgam fazer tudo certinho na vida. A maioria destas pessoas são as mesmas, os rostos são os mesmos, portanto, suas vidas são as mesmas.
Este cotidiano de coisas que são feitas praticamente todos os dias, é o resultado de uma inalterabilidade desvairada, e sem sentido. Estas pessoas que ficam andando pra lá e pra cá em círculos que não se findam, não sabem o que fazer, quer dizer, sabem exatamente o que tem de ser feito; seus determinados trabalhos cotidianos.
O mais engaçado disso tudo é que estas paisagens cotidianas possuem três tempos: passado, presente e futuro, além de demonstrar a fragilidade de certos acontecimentos que se tornam obscuros a nossos olhos, não há entendimento claro acerca deles. Como é que um homem pode se tornar senhor de outro homem e por que espécie de incompreensível magia pôde esse homem se tornar senhor de muitos outros homens?[1]. Talvez, esta pergunta, ainda não respondida, ou não compreendida até os dias de hoje, se constitui na construção destas paisagens da mesmice. No entanto, estes caros senhores, senhoras, meninos e meninas que ainda não pararam pra pensar sobre o que acontece no domínio de suas vidas, estão completamente submergidos em um lama que os afoga; quiçá uma lanterna dos afogados os ajude a salvá-los! Só não pode haver demora neste resgate, caso o contrário, as coisas continuarão as mesmas. Pessoas enfurnadas em esquadros, tentando prestar atenção nos acontecimentos que não acontecem, em vidas que não vão a lugar algum, em caminhadas que não saem das mesmas, em cabeças que se tornaram latas de lixo completamente enfronhadas em lugares de difícil acesso, quem sabe seja o caso de intumescer pestilências sobre a cabeça, que, cobrindo os olhos do alvoroço que não se vê; muitas coisas ainda se tornam invisíveis aos olhos destes que tentam compreender o que não é compreensível a nós. Quem sabe seja falta de entendimento, ou não!

[1] Voltaire.

Um comentário:

Elaine Cristina disse...

O cotidiano deixa os lugares cinzas... mas algumas vezes aparecem pessoas que dá uma cor diferente ao que antes era o mesmo. Acho que é aquilo que alguns chamam de 'estados da alma'.