domingo, 18 de outubro de 2009

Trabalho

Descansar e não pensar em nada! Tarefa não muito simples nos dias de hoje, cuja correria em premência da vida é mais válida que a própria vida. O capital com sua espetacular velocidade fez com que as pessoas se debruçassem fecundamente em busca de mais tempo, tempo para trabalhar, ganhar dinheiro, acumular e gastar e destruir. No entanto, este tempo contemporâneo, pós-moderno, industrial e controlado impreterivelmente pelo relógio, se depara com uma série de acontecimentos em que nós sujeitos, administrados por demais as nossas responsabilidades cotidianas, tornamo-nos quase cegos para a própria vida. Ou seja, nas grandes metrópoles, ela é marcada pela velocidade em que giram as tecnologias e neste sentido, as pessoas precisam acompanhar estes movimentos efêmeros que nos empobrecem como seres humanos. Esta é a lógica do Capital que para Marx nada mais passa de “trabalho morto que, como vampiro, somente vive sugando trabalho vivo, e vive mais quanto mais trabalho vivo suga[i].”
Esta lógica do capital possui efeitos devastadores nas pessoas, não é a toa que nos dias de hoje existe uma grande quantia de pessoas doentes por causa do trabalho. Tarefas exaustivas, compromissos a cumprir, vida regrada ao extremo, tudo isso, transformam as pessoas em seres entificados, coisificados, o que realmente demonstra a baixa qualidade de vida que os urbanos levam.
Bertrand Russel refletiu acerca do problema dizendo que “as pessoas trabalham demais hoje em dia” esta frase além de reveladora, traduz perfeitamente a condição do homem contemporâneo. Pois, a partir do momento em que o homem deixou de trabalhar para viver, e passou a condição contrária, houve uma queda exorbitante na capacidade criativa do indivíduo, que, nos dias de hoje é difícil ver alguém que faça realmente as coisas que goste e no tempo em que desejaria fazê-las.. Ou seja, o controle a partir do trabalho sobre o indivíduo aniquilou-o da possibilidade que ultrapassassem o mundo do trabalho, restringiu-o apenas a sobrevivência cotidiana. Neste sentido, a condição humana enfraqueceu-se devido aos tempos diários que os homens têm a cumprir.
Esta é a condição do homem contemporâneo. Sem tempo para viver.
Apenas para sobreviver.
Desta forma é que o Capital avança cada vez mais propondo sua lógica alienante nos indivíduos. As pessoas vivem para trabalhar, para poder realizar seus fetiches; contribuindo sumariamente para a expansão de mercados exploradores da vida humana.
Por sua vez, aqueles que trabalham, só merecem descanso após meses de jornadas exaustivas. Aqueles que não trabalham, são vistos como vagabundos. Esta é a sociedade dos dias de hoje, em que o trabalho tornou-se essência do homem.















[i] Marx, Karl. O Capital, livro I, A jornada de trabalho, p.247

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