Vivemos um tempo em que vários autores, políticos, jornalistas, educadores e bicudos em geral, nomeiam a atual sociedade em que vivemos de sociedade do conhecimento, a qual conota o triunfo intelectual sobre um espaço físico, num tempo em que muitas pessoas falam em auto-reflexão para alterarem os processos de trabalho, bem como, suas trajetórias de vida.A questão é que nesta mesma sociedade que proclama por pensamento e auto-reflexão, os determinantes da alienação são muitos e fazem com que a maioria da população mundial não tenha condições sequer para pensar por variadas razões: porque estão subnutridos para terem condições necessárias para pensar, porque vivem num cotidiano que lhes sufoca esta condição privilegiada, porque na sociedade do consumo, pensar é considerado um desperdício e finalmente, porque muitos acreditam que os meios de comunicação e as elites culturais pensam por nós tudo o que tem de pensar.
Devemos desconfiar daqueles que pensam por nós. Nesta sociedade que proclama auto-reflexão, há uma grande capacidade de refração da realidade, ou mesmo, da disponibilidade de pensamentos que destroem também milhares de vidas, bem como, sua qualidade e felicidade. Vivemos num mundo onde as pessoas trabalham demais e vivem constantemente esgotadas por excesso de trabalho. Ou seja, o tal do bem estar social que muitos falam por aí, nas grandes metrópoles é conquistado à base de fortes doses de medicalização. Não é a toa que temos presenciado um significativo aumento em antidepressivos e de demais remédios...
Por isso, devemos desconfiar daqueles que supostamente querem pensar por nós. Nos dias de hoje, o pensamento está estritamente atrelado a interesses, sejam minoritários, ou dos poderosos que avaliam a sociedade. Nestes pensamentos, há inúmeros que promovem o conformismo (a aceitação do que existe) o situacionismo (a celebração do que existe) e o cinismo (o conformismo com má consciência).
Por isso, é preciso agir e sentir porque o pensamento só é útil a quem não fica somente no pensar. Aqueles que se atribuem de pensar, passam a vida a conversar com mortos. A mesma morte que está dentro deles.
Este é o mundo contemporâneo: exige que pensemos, mas priva-nos das condições para pensar...
Descansar e não pensar em nada! Tarefa não muito simples nos dias de hoje, cuja correria em premência da vida é mais válida que a própria vida. O capital com sua espetacular velocidade fez com que as pessoas se debruçassem fecundamente em busca de mais tempo, tempo para trabalhar, ganhar dinheiro, acumular e gastar e destruir. No entanto, este tempo contemporâneo, pós-moderno, industrial e controlado impreterivelmente pelo relógio, se depara com uma série de acontecimentos em que nós sujeitos, administrados por demais as nossas responsabilidades cotidianas, tornamo-nos quase cegos para a própria vida. Ou seja, nas grandes metrópoles, ela é marcada pela velocidade em que giram as tecnologias e neste sentido, as pessoas precisam acompanhar estes movimentos efêmeros que nos empobrecem como seres humanos. Esta é a lógica do Capital que para Marx nada mais passa de “trabalho morto que, como vampiro, somente vive sugando trabalho vivo, e vive mais quanto mais trabalho vivo suga
