domingo, 29 de março de 2009

Resignação: a perda do espanto


É muito comum ouvir no Brasil que a educação está em crise e que algo precisa ser mudado. Mas, se analisarmos profundamente o problema, verá que há muita gente que há muita gente que se alimenta da crise, tal como professou Marx em O Capital , “o capital é trabalho morto que, como vampiro, somente vive sugando trabalho vivo, e vive mais quanto mais trabalho suga”.Ou seja, é a verdadeira exploração daqueles que se beneficiam com a crise.
É neste sentido que a cada dia que se passa se torna mais forte algo que vejo na academia, a solidão teórica, esta, que por sua vez, como disse o Prof. Danilo, apenas escrevem-se livros que não servem pra nada. Estes só possuem uma utilidade. Ficar na estante.
Muitos destes livros solitários que pretensamente tentam salvar a educação, são nada mais nada menos que puras abstrações ou especulações demasiadamente distantes da realidade. É muito comum verificar este exercício na academia. Quanto mais se domina uma área de conhecimento, melhor é este teórico.
Mas o que estes fazem afinal de contas? Só repetem o que já foi dito!
É um diálogo entre mortos!
Mas o que isso tem a ver com a educação? Tudo, pois são estes acadêmicos que legitimam o status quo e ainda por cima querem ser radicais. Ora, academia não é lugar de pessoas radicais, ao contrário. Na história da filosofia temos inúmeros exemplos de pessoas que abandonaram a academia devido ao conservadorismo que esta mantém.
Creio que é aí que está um dos males da educação, o excesso de discurso que leva a pobreza das práticas, bem como a perda do sentido público da educação. Afinal de contas, o público é visto como ineficiente e incapaz de resolver o que os “cidadãos” precisam...
A sociedade Brasileira parece que se acostumou com a ineficiência do serviço público. Isso mesmo, pois um país que paga mais de 10 milhões de dólares pra levar o Coronel Marcos Pontes ao espaço, certamente não se preocupa com tais acontecimentos. É neste sentido que a educação mantém seus intelectuais inorgânicos da educação, discutindo e debatendo tais temas para uma educação docilizada e não viril...
É a partir destes inúmeros elementos que nossos horizontes se conjugam com a incerteza, desproteção, na qual o sujeito tem a sensação de que pouco pode fazer pra mudar o estado das coisas...
Se os cidadãos soubessem realmente o objetivo real destas coisas, (no caso aqui da Instituição escolar) certamente aboliriam seus preceitos...Bourdieu estava correto ao falar sobre a Amnésia de Genesis, que permite este tipo de legitimação que o sujeito desconhece.
É por isso que a disciplina industrial se converteu na escola por meio dos currículos que difundem o pensamento dominante e pouco faz pra mudar o estado de coisas.
Pobre educação em Estado de Exceção!
É a cultura da resignação onde nada mais é espantoso...

4 comentários:

rafael andolini disse...

marcão... educação de cu é rola cara.
ta tudo fodido e o fim está logo ali, nas esquina.
mesmo assim, texto foda. e munch sempre me lembra nietzsche!
MJOLNIR!!!

Unknown disse...

É isso mesmo! Tá uma merda a educação!!!

Elaine Cristina disse...

Muito bom Marco! Eu já terminei a faculdade, me formei e tenho um diploma de bacharel... eis que volto aos bancos da faculdade para fazer licenciatura. Na verdade nem sei bem porque me aventurei. Me encaixo bem nesses que você critica, sou uma academicista... me adaptei bem ao excesso de discurso. Só não faço diálogos entre mortos porque estudo filosofia verdadeiramente contemporânea... Meus teóricos estão vivos, escrevendo e brigando. O que não faz grande diferença, mas talvez eu tenha perdido o espanto em relação à educação, espero que só tenha entrado em coma, mas quanto mais aproximo dos problemas que a educação enfrenta e que eu teria que enfrentar enquanto educadora, mais distante quero ficar. E esse sentimento me incomoda, muito!

Unknown disse...

Seus comentários são muito bons Elaine. É muito bom que esteja assim, com umsentimento que incomoda,pois é com algo que nos move que tentamos sair da resignação e tentamosde fato fazer alguma coisa. Escrevi este texto pot que tem muito acadêmico por aí que pretensamente deseja ser o salvador da pátria. Ora, isso é puropapo furado!
Eu estou na academia, mas tento fazer as coisas que acredito nos lugares que eu acredito, e por enquanto, a academia não é o lugar pra isso. Ou seja, mudança, muito pelo contrário.É a verdadeira legitimação do Estado de coisas...