quinta-feira, 5 de março de 2009

Entre o Feijão e o sonho


Tinha sentido inúmeras vezes a necessidade de sobrevivência em luta com a tal “realização pessoal”. Todo mundo falava disso, era necessário ter competência para garantir qualquer coisa na vida, que parece às vezes abafada por algo que não sabia dizer o que é. Neste sentido, transfigurava-se entre o universo sensível e as necessidades do cotidiano.
É o velho feijão!
Orígenes Lessa chamou-me a atenção destes dois aspectos. Apesar de às vezes sentir-me como diz Aristófanes, “nas nuvens”.Orígenes Lessa deu um tapa em minha cara. É como se estivesse dormindo e alguém me acordasse e disseste: “acorda Zé Ninguém!”
Acho que foi isso que aconteceu. Acordei d’um sonho dogmático, caí no desespero, vi um mundo doente e algo cuja simplicidade Alberto Caeiro visse iria gostar.
Um feijão! Sim! Um feijão!
Alberto Caeiro gostaria só do feijão, nada mais do que Orígenes Lessa escreve.
É com este sentido que relutava-me em deixar brotar espontaneamente o que vive em mim. Mas levei uma rasteira e apenas coloquei os pés no chão.
E senti o pó da terra entre os dedos.
(...)
Encontrei-me perdido, desamparado e excluído de todas as possibilidades postas à mesa. Angustiado, não sabia o que fazer diante do que alertava-me sobre o feijão e o sonho.
De tanta raiva, perdi a noção.
Entre o feijão e o sonho.

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