Um
estranho fato vem acontecendo há tempos na sociedade do conhecimento. A difusão
das ideias sob á ótica da razão única.
Ora,
o que significa isso para nós cidadãos?
Podemos
dizer que este fato começa quando há circulação de notícias, especialmente
fatos políticos, onde são difundidos uma única ideia, cujo objetivo é o
convencimento a qualquer preço de que a ideia contrária está errada. Qual o
perigo desta difusão?
O
autoritarismo.
Governos
anteriores governaram sob o mito da razão única. A Alemanha de Hitler e a
Itália de Mussolini levaram para a população a visão de que tanto o fascismo e
o nazismo eram bons regimes e o que estes governantes estavam fazendo era para
o bem da população.
No
caso Brasileiro, aos poucos estamos vendo este caminhar a qualquer custo. A
mídia, que tendenciosamente coloca suas opiniões favoráveis a um partido, tenta
a qualquer custo difundir a ideia de culpa de que tudo que está acontecendo é
culpa da Presidenta Dilma e o que é necessário neste momento seria a
intervenção militar.
Este
é perigo: o caminhar aos poucos ao autoritarismo e a destruição das
instituições democráticas.
Mas
não é somente no campo político que há o mito da razão única. Em outras esferas
esta ação é muito bem aplicada.
Vejamos.
Na educação vemos esta razão ser difundida
para nós professores, inculcando-nos por meios dos professores universitários a
didática correta para o ensino. Isto é um mito. Pois a ´prática docente e a
teoria, que, muitas vezes nos são ensinadas são completamente dispares. Eis a
razão do mito. Na filosofia, o mesmo
acontece. Formam professores de filosofia para o exercício de comentar
filósofos e não para fazer o que Kant nos escreveu: filosofia é aprender a filosofar. E mais, este pensamento, de
comentar textos filosóficos é tão em voga no Brasil que jamais ousamos pensar
os problemas da nossa realidade sob a ótica da filosofia. Pois o mais
importante é falar da filosofia europeia, considerada nos centros acadêmicos
como a melhor, pois é a mais difundida
Com
tudo isso, o que fazemos? Ignoramos todos os demais lados para difundir única e
exclusivamente esta razão única, que
nos coloca apenas um ponto de vista.
Maurício
Tragtenberg ilustrou muito bem esta questão em sua obra, A delinquência acadêmica: o poder sem saber e o saber sem poder, onde
nos colocar de que forma nos somos inculcados por meio de saberes que não dão
opção de olhar para outros lados.
Ironicamente
a tudo isso, apesar de estarmos vivendo em uma sociedade do conhecimento, parece que grande parte dos saberes
difundidos são os que permanecem em voga, demonstrando toda sua eficácia ao
difundir tais ideias.
Mais
do que tudo, é necessário sempre olhar os dois lados da moeda, e desconfiar
daqueles que tentar a qualquer custo nos convencer de que algo está errado e o
outro está certo.
Só
um desiquilíbrio pra inverter esta ordem!