(Livro dos conselhos)
Esta palavra é apenas o prenúncio desesperado de uma pessoa que perde a visão na cidade. Mas que cegueira é essa, onde as pessoas enxergam uma cor branca de leite e não a negritude da escuridão. Certamente não é uma simples cegueira. Saramago sabe disso.
Vejamos.
Muitos carros nas ruas, o farol amarelo ilumina-se, em seguida, o vermelho. Mal fecha o farol, e as pessoas atravessam desesperadamente a faixa de pedestre, enquanto isso, os motoristas dos carros pisavam sem parar nos aceleradores demonstrando pressa. Ao abrir o sinal verde para os carros, os carros saem rapidamente, quer dizer, nem todos, um permanece no meio do caminho, tal como a pedra de Drummond, aquela lá que já sabemos. As pessoas se irritam com o carro parado, mas ninguém desce do carro para ver o que acontece. Num momento inesperado, um homem desce de seu carro para ver o que acontece com o cidadão.
O que acontece? – Disse o homem.
Estou cego. Respondeu secamente.
Como assim?! Perguntou o homem sem entender a fala do cego.
Ora! Estou cego e não enxergo quase nada.
Após esta fala, o cidadão resolve levar o homem para o hospital mais próximo da cidade. Ao chegar ao hospital, o homem é levado rapidamente ao atendimento e o cidadão caridoso que o socorreu, desaparece.
Ao voltar para a rua, nota que várias pessoas estão com os mesmos sintomas do homem recém internado. Ora essa, o que acontece? Parece que vi há pouco esta cena. Sem saber o que fazer, o homem dá uma andada na rua e vê duas pessoas conversando sobre o fato.
Que cegueira? Sabes do que se trata? Não sei.
Saramago sabe. Vejamos:
“Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, cegos que vêem, cegos que, vendo, não vêem.”
Talvez esta cegueira que Saramago nos diz, deva ser a cegueira contemporânea em várias instâncias de nossa sociedade.
6 comentários:
Concordo com Saramago.
Mas, é a história de fingir de cego! Não guento isso!
Vlw pelo elogio ao meu blog, o seu também é muito bom!
Abraço.
É...em partesconcordo contigo. Mas a cegueira de Saramago é outra. E é muito presente na sociedade,em vários aspectos, tais como alienação, que é apenas um entre várias outras características.
A questão é: quem é que vê? Ou basta se dizer cego para sê-lo? Abs!
Marcos,
Todos vêem, ou pensam que vêem. Talvez, estejam cegos e nem percebem a cegueira.
Venho agradecer retruibuir a visita.
Gostei muito do seu blog,estarei sempre por aqui!
Obrigado Greta. Seja bem vinda ao blog. Compartilhemos as vistas então.
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